Morreu mais um dos três médicos condenados no ‘Caso Kalume’, um esquema de tráfico de órgãos em Taubaté na década de 1980. Rui Noronha Sacramento, de 75 anos, foi velado neste domingo (8), no Memorial Sagrada Família, em Taubaté. O enterro ocorreu no mesmo local, às 12h. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Rui Noronha Sacramento e mais dois médicos, Pedro Henrique Torrecillas e Mariano Fiore Júnior, foram condenados em 2011 a 17 anos de prisão pelo homicídio de quatro pacientes. Eles conseguiram reduzir a pena para 15 anos, mas recorriam em liberdade.
Ele é o segundo dos três médicos condenados que faleceram. Em outubro do ano passado, morreu Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, aos 70 anos. O médico que denunciou o esquema de tráfico de órgãos, Roosevelt de Sá Kalume, também faleceu em janeiro deste ano, aos 77 anos.
Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) rejeitou mais um recurso da defesa dos médicos e manteve a ordem de prisão. Essa não foi a primeira tentativa dos advogados de revogar a prisão. Em outubro de 2024, a Justiça já havia negado pedidos para anulação da ordem de prisão contra os médicos e a tentativa da defesa de transformar em prisão domiciliar.
Entenda o Caso Kalume’
Em 1987, o médico Roosevelt Kalume, então diretor da Faculdade de Medicina de Taubaté, denunciou um esquema ilegal de remoção de rins no antigo Hospital Santa Isabel. Kalume alegou que órgãos estavam sendo extraídos de cadáveres e pacientes vivos sem a autorização das autoridades.
A denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) levou à abertura de um inquérito policial e rapidamente ganhou repercussão nacional, sendo denominado “Caso Kalume”.
O escândalo não apenas chocou a comunidade médica, mas também gerou uma investigação mais ampla em 2003, quando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar a atuação de organizações criminosas envolvidas no tráfico de órgãos.
A apuração da Polícia Civil, que se arrastou por mais de uma década, culminou na responsabilização de quatro médicos, incluindo Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Mariano Fiore Júnior e Rui Noronha Sacramento, por homicídios dolosos relacionados à morte de quatro pacientes.
Em outubro de 2011, após um longo processo judicial, os três médicos foram condenados a 17 anos de prisão.