Polícia e Universidade criam ‘Relatório de Desaparecidos’ em São José dos Campos

Relatório de desaparecidos

Polícia e Universidade criam 'Relatório de Desaparecidos' em São José dos Campos
Foto: Reprodução

Em uma parceria entre a UNIVAP e a Delegacia de Investigação de Homicídios, foi desenvolvido um projeto focado na análise de casos de desaparecimento registrados em 2023, em São José dos Campos. O levantamento foi realizado no Serviço Escola de Psicologia Aplicada da universidade (SEPA), com a colaboração da Subdivisão de Pessoas Desaparecidas.

Segundo os responsáveis, o objetivo do projeto foi mapear o perfil das vítimas e as circunstâncias dos desaparecimentos, com base nos boletins de ocorrência registrados no ano. A análise dos dados foi conduzida ao longo do segundo semestre de 2023, e envolveu a coleta de informações complementares por meio de ligações telefônicas para os declarantes.

Fonte: SEPA / Univap

Análise dos casos de desaparecimento

O projeto analisou 176 boletins de ocorrência de desaparecimentos de pessoas. Os dados foram organizados em uma planilha, onde foram identificadas informações como idade, gênero e localização dos casos. A pesquisa revelou que os desaparecimentos ocorreram principalmente nas regiões Sul (33,52%) e Leste (26,13%) da cidade, com predominância de homens (66,47%) e maior incidência na faixa etária de 41 a 50 anos. Essas descobertas fornecem uma visão inicial importante sobre os padrões que podem influenciar futuras estratégias de prevenção e investigação.

Desafios na coleta de dados – Relatório de desaparecidos

A coleta de dados, que envolveu 76 tentativas de contato telefônico com os declarantes dos desaparecimentos, revelou alguns desafios. Apesar das dificuldades com a falta de informações completas nos boletins e a baixa taxa de retorno das ligações, a interação com os familiares dos desaparecidos se mostrou crucial. Durante o estágio, foi necessário utilizar técnicas de escuta ativa para oferecer um acolhimento mais humano e empático, permitindo que as informações obtidas fossem mais precisas e também contribuindo para o suporte emocional às famílias.

Análise dos casos apurados

A análise dos dados coletados foi complementada com a criação de gráficos que destacaram padrões importantes nos casos de desaparecimento. Um dos resultados mais significativos foi a identificação de uma maior incidência de desaparecimentos entre homens, exceto durante a adolescência, quando as mulheres superaram os homens. Também foi possível identificar que casos de desaparecimentos relacionados à saúde mental e ao uso de substâncias psicoativas foram mais comuns em homens com idades entre 21 e 40 anos. Esses padrões podem orientar políticas públicas e ações mais direcionadas para a prevenção desses casos, aponta o relatório.

Fonte: SEPA / Univap

Categorias de desaparecimento – Relatório de desaparecidos

O projeto se baseou no Caderno Temático de Referência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que classifica os desaparecimentos em diferentes tipos, como forçados, voluntários, por situação de vulnerabilidade, e relacionados a violência. O estágio buscou compreender essas diversas categorias por meio dos boletins de ocorrência e das informações adicionais coletadas. A análise evidenciou a necessidade de uma atenção especial para casos envolvendo pessoas com transtornos mentais ou dependência química, que apresentaram números expressivos dentro dos desaparecimentos.

Fonte: SEPA / Univap

Regiões mais afetadas e padrões de desaparecimento

A análise de 67 gráficos, dos quais 17 foram destacados pela relevância, trouxe informações valiosas sobre os padrões dos desaparecimentos. Os dados indicam que as regiões Sul e Leste concentram a maior parte dos casos. A categoria mais comum de desaparecimento envolveu pessoas que saíram de suas residências sem deixar rastros. Além disso, o levantamento apontou que, embora os desaparecimentos masculinos sejam predominantes, as mulheres são mais afetadas na adolescência. Esses achados podem servir de base para o aprimoramento das estratégias de investigação e para a criação de políticas públicas mais eficazes.

Fonte: SEPA / Univap

Conclusão da abordagem interdisciplinar

Ao longo do estágio, foi possível perceber a importância de um trabalho integrado entre as áreas da psicologia, segurança pública e análise de dados, conforme os dados apresentados no relatório. De acordo com os organizadores, a experiência revelou como uma abordagem interdisciplinar pode ser fundamental para enfrentar problemas sociais complexos, como os desaparecimentos. A integração de dados quantitativos com a escuta empática das famílias contribuiu para a criação de uma estratégia mais completa e eficaz. Além disso, o estágio proporcionou uma reflexão sobre a relevância de projetar ações que integrem diferentes instituições e, assim, ofereçam um suporte mais amplo e humanizado para as vítimas e suas famílias.