Para Infectologista, autoteste de Covid-19 é confiável, mas deve ser feito por profissional habilitado

Infectologista fala sobre a importância dos testes para covid no Brasil
(Foto: CBN VALE)

O Brasil tem vivenciado a falta de testes para covid 19 na rede de saúde em geral, devido o crescimento de casos de covid-19 e também da gripe no país. A Rádio CBN Vale entrevistou nesta terça-feira (18), a Drª Gisele Cristina Gosuen, formada pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Mestre em Ciências pela UNIFESP/EPM, onde trabalha como infectologista.

Ela também é membro do Comitê de Comorbidades da Sociedade Brasileira de Infectologia e Presidente do Workshop de Comorbidades e Eventos Adversos em HIV/AIDS.

A Drª Gisele comentou sobre a importância dos testes de covid-19 para a saúde pública no país, principalmente para as pessoas sintomáticas. Já o público que não apresenta sintomas, esses precisam fazer valer as ações mais comuns de prevenção à doença, como lavar as mãos com água e sabão, usar álcool gel, máscaras e o distanciamento social evitando grandes aglomerações.

O que acontece neste momento no Brasil, na opinião da especialista, é uma super procura das pessoas pela testagem sem ao menos apresentarem sintomas, o que acaba gerando uma sobrecarga tanto na rede pública quanto na rede privada. Já em casos sintomáticos, é realmente preciso que o cidadão procure um atendimento de saúde, pois existem tratamentos diferenciados para a gripe e para a covid-19.

Os autotestes para covid-19 são confiáveis?

Para a especialista, o autoteste é confiável e considerado de alta sensibilidade para detecção da doença. O maior problema estaria na realização do teste, pois se a pessoa não fizer o procedimento de forma correta, pode ser que o exame não confirme o real estado de saúde do usuário. Diante desse fato, em relação à aprovação dos autotestes no país, a médica disse ser contrária à realização desses exames no Brasil, e que o teste deve ser feito por pessoas habilitadas, preferencialmente em unidades de saúde.

O Ministério da Saúde enviou no último dia 13 de janeiro uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorização do uso de autoteste para Covid-19.

Máscaras de pano, são eficazes contra as novas variantes da covid-19?

Isso vai depender do tipo de material que a máscara for produzida, se o tecido for resistente e pouco permeável, a pessoa também estará protegida, mas caso a máscara fique úmida com a transpiração, deve ser lavada e trocada imediatamente, por isso a recomendação é que se utilize máscaras cirúrgicas com tripla proteção.

A variante Ômicron pode matar?

Trata-se de uma variante mais contagiante, mas menos letal. Porém, isso vai depender da pessoa que for infectada, já que existem muitas pessoas com sistema imunológico mais sensível, como as imunossuprimidas, ou que tenham alguma doença crônica que não esteja controlada. Nesses casos a variante pode evoluir para uma forma mais grave do que a população em geral. Pela sua menor letalidade, a Ômicron acaba sendo muito confundida com a gripe comum.

Superfungos e superbactérias, como elas surgem?

A infectologista também comentou sobre o surgimento de casos de superfungos, em Pernambuco nas últimas semanas. Ela citou uma das formas de surgimento desses fungos, que é a partir do uso indiscriminado de medicamentos, ou seja, a automedicação. O uso de corticoides, por exemplo, que se utilizados sem indicação médica e de forma prolongada, pode levar ao surgimento de infecções fúngicas.

O mesmo acontece em relação às superbactérias. O uso indiscriminado de antibióticos, que antigamente eram comprados na farmácia sem a necessidade de receita médica, faz com que as bactérias se tornem resistentes aos medicamentos, e consequentemente, apresentar mais dificuldades em termos de tratamento.

DST/AIDS

A médica infectologista também falou do tratamento hospitalar contra o HIV/AIDS, que graças ao avanço na produção de medicamentos antirretrovirais, permitiram a essas pessoas a chance de  envelhecer e conviver com a doença, mas lembrou que muitas continuam se infectando por diversos fatores, como o uso de drogas, tatuagens, utilização de materiais perfurocortantes que não são adequadamente esterilizados ou descartados, por exemplo.

A médica reforça a importância de utilização do preservativo nas relações sexuais, devido ao grande número de outras doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, sinalizou a possibilidade de as pessoas utilizarem os antirretrovirais para a prevenção da infecção do HIV/Aids, que é a chamada Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), e que essa medicação também está disponível na rede pública, sem custo algum para o paciente.

Ouça a matéria de Marcelo Rocha: