Clínica que Sérgio Hondjakoff estava internado vinha sendo investigada há dois anos, diz polícia civil

Clínica que Sérgio Hondjakoff estava internado vinha sendo investigada há dois anos, diz polícia civil
(Foto: Rayssa Marine/CBN Vale)

A clínica de reabilitação acusada de manter internos em cárcere privado, localizada na Estrada Municipal Graminha, em Pindamonhangaba, vinha sendo investigada há dois anos pela Polícia Civil. A ação, promovida na quarta-feira (4), foi a terceira mobilização policial que culminou no flagrante do crime contra 46 internos, grande maioria internada há mais de 90 dias. Um dos pacientes era o ator Sérgio Hondjakoff, que ficou conhecido por interpretar o ‘Cabeção’ de Malhação.

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Na quinta-feira (5), Sergio divulgou em suas redes sociais um vídeo classificando a história como um ‘boato’, e que estaria no município de Resende (RJ) junto de sua família. No entanto, a Polícia Civil informou à reportagem da CBN Vale que Sergio esteve na delegacia e prestou depoimento a respeito do caso. Nesta sexta-feira (6), ele confessou que mentiu no vídeo para proteger o filho. 

Durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (6), a polícia evitou comentar sobre o ator. A delegada Renata Costilhas contou sobre as irregularidades encontradas durante a investigação e que não era a primeira vez que a polícia havia recebido denúncias do local, inclusive, de tortura a pacientes.

A Polícia Civil revelou que, no dia da operação, todos internos estavam em cárcere privado, trancados dentro de seus quartos, os quais tinham maçanetas apenas do lado de fora. Segundo o delegado assistente, Dr. Vinícius Garcia Vieira, em depoimento, os pacientes contaram que eram obrigados a assinar documentos afirmando que estavam na clínica de forma voluntária, situação que não procedia, além de serem vigiados por funcionários enquanto entravam em contato com os parentes.

Dentre os produtos apreendidos durante a operação estavam medicamentos que exigiam receitas médicas e estavam alocados de maneira errada. Foi constatado, também, que os internos não tinham alimentação adequada. Dr. Vinícius informou que, além de legumes, foram encontrados alimentos como salsichas e carnes de hambúrguer. Esses alimentos foram descritos em um laudo que será encaminhado às autoridades para prosseguimento do inquérito. 

De acordo com a Polícia Civil, com base em contratos localizados dos pacientes, a clínica cobrava mensalidades de R$ 800 a R$ 1,2 mil. As autoridades não informaram o porquê da variação de preços, característica que também deverá ser investigada. 

A Vigilância Sanitária interditou o local de forma temporária e boa parte dos internos foi liberada para retornarem as suas casas, muitos inclusive de outros estados. Dois funcionários de 33 e 44 anos foram presos por serem os responsáveis de guardar as chaves dos quartos. Eles poderão responder pelos crimes de falsidade de documentos, cárcere privado e constrangimento ilegal. O caso segue em investigação no 1ºDP de Pindamonhangaba. 

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