Vereador Walter Hayashi desafia Prefeitura de SJC; “se tiver estoque de Coronavac, eu tomo a 3ª dose”

Vereador Walter Hayashi que desafia Prefeitura de SJC; "se tiver estoque de Coronavac, eu tomo a 3ª dose"
(Foto: Marcelo Rocha/CBN Vale/Walter Hayashi)

Mesmo após a queda acentuada no número de mortes por covid-19, ainda há quem guarde dúvidas sobre os benefícios dos imunizantes. No Brasil quase 700 mil pessoas perderam a vida pela doença em três anos, índice que apresentou desaceleração graças às vacinas desenvolvidas pela ciência, e reconhecidas por inúmeras instituições nacionais, internacionais além do próprio Ministério da Saúde, que atestam sua eficácia na proteção contra o Coronavírus.

A rádio CBN Vale entrevistou nesta segunda-feira (12), Walter Hayashi (PSC), vereador de São José dos Campos, que em determinado momento da entrevista, disse que ainda não sente segurança na vacina, mesmo ela sendo cientificamente comprovada para evitar os casos mais graves da doença.

“Eu digo com muita franqueza, eu não tenho a segurança na vacina…veja o meu caso, eu tomei a primeira e segunda dose da Coronavac, depois a dose de reforço (3ª dose) já não era mais a Coronavac” 

Segundo Hayashi, ao ir tomar a terceira dose (1ª de reforço), a vacina ofertada pela rede pública de São José, já não era mais a Coronavac, e sim outra marca, e pelo fato de ser engenheiro, e por trabalhar muito tempo com a “lógica”, ele decidiu que não seguiria o esquema vacinal se não fosse com o mesmo imunizante.

O vereador, que segundo ele, já foi contaminado pela covid, em 2020, e que à época apresentou febre e mal-estar por apenas um dia, equivoca-se ao sugerir que um esquema vacinal contra a Covid deve ser completado somente pela mesma fabricante, muito pelo contrário.

A combinação heteróloga, ou seja, de vacinas Covid-19 diferentes é a estratégia mais eficaz para a dose de reforço. Esse é o resultado da pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, encomendada pelo Ministério da Saúde. “O resultado reafirma a estratégia usada pelo Ministério da Saúde, que recomenda a vacina da Pfizer como dose de reforço, independentemente do imunizante utilizado no esquema primário”, diz matéria no site oficial da pasta. 

A pesquisa avaliou pessoas que tomaram as duas doses da Coronavac, produzida com vírus inativo, e a efetividade do imunizante seis meses após a conclusão do esquema vacinal. Para a dose de reforço, foi analisado o esquema heterólogo, ou seja, a combinação de vacinas de plataformas diferentes.

O uso da Coronavac induziu, no caso da Janssen, aumento em 61 vezes a formação de anticorpos; a Astrazeneca aumentou em 85 vezes; e a Pfizer aumentou em 175 vezes. O reforço com a plataforma heteróloga realmente suscita uma maior resposta imune”, afirmou a pesquisadora e professora da Universidade de Oxford, Sue Ann Clemens.

Já a dose de reforço da CoronaVac aumenta em 325 vezes os anticorpos IgG contra a ômicron, mostra estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nanjing, na China.

Falta de Coronavac em São José dos Campos

Walter Hayashi, mesmo não tendo completado o esquema vacinal contra a covid-19, foi contra todo tipo de aglomeração de pessoas durante a pandemia, embora estar equivocado em relação ao uso de outras vacinas de forma heteróloga, como já afirmado na matéria.

No entanto, o vereador mencionou que só não tomou as duas doses de reforço, pois não havia estoque do imunizante Coronavac na prefeitura, e lançou um desafio.

“Eu faço aqui um desafio no ar para a Prefeitura. Se ela tiver Coronavac, eu tomo a terceira dose”

Procurada pela rádio CBN sobre a disponibilização da vacina Coronavac, do Laboratório Butantan, a Prefeitura de São José dos Campos emitiu a seguinte nota:

“A Prefeitura de São José dos Campos informa que segue as Diretrizes do Estado e do Programa Nacional de Imunização, que tomam as decisões e liberações de doses, seja de marcas ou indicação de faixa etária, sempre pautados em evidências científicas, não havendo possibilidade de interferência da Secretaria de Saúde. Estudos recentes relatam que receber uma vacina diferente das doses anteriores (intercambiabilidade de vacinas) pode ser mais eficaz para proteger contra Covid-19, por produzir uma imunidade maior. De qualquer modo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), tanto o reforço com a mesma vacina ou com vacina diferente são efetivos.

Sobre a segurança das vacinas contra a COVID-19, segundo dados oficiais como OMS, Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde, bem como a literatura médica internacional, vários estudos indicam que pessoas totalmente vacinadas têm menos chance de adoecer, e caso adquira o vírus, de não apresentar sintomas, formas graves da doença, evoluir para internação ou óbito, e também de transmitir o vírus a outras pessoas”.