Tarifa dos EUA ameaça setor de alumínio, vital no Vale do Paraíba

Tarifa dos EUA ameaça setor de alumínio, vital no Vale do Paraíba
Foto: Reprodução

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) demonstrou preocupação com os impactos da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros de alumínio. O setor, com forte presença no Vale do Paraíba, teme prejuízos de médio e longo prazo que podem comprometer sua estrutura e competitividade, principalmente no que se refere à cadeia de reciclagem do metal, um dos grandes diferenciais da indústria nacional.

Apesar de o governo americano não ter anunciado novas medidas específicas para o alumínio, o metal brasileiro já sofre desde 12 de março com uma tarifa extra de 25%, disse a entidade. Embora o Brasil represente menos de 1% das importações de alumínio dos EUA, o país é um parceiro importante: 16,8% das exportações brasileiras em 2024 tiveram os Estados Unidos como destino, o que corresponde a mais de US$ 267 milhões.

Impactos vão além da balança comercial

Segundo a ABAL, a medida americana faz parte de uma estratégia maior para proteger sua própria indústria. No entanto, o modelo adotado pode encarecer a produção de setores estratégicos nos Estados Unidos, como o automotivo e o aeroespacial, e provocar efeitos contrários aos esperados, como a alta de preços e maior dependência externa.

A indústria brasileira de alumínio tem se destacado no cenário global por sua eficiência na reciclagem: cerca de 60% do alumínio consumido no país vem de material reaproveitado – o dobro da média mundial. Esse modelo contribui para reduzir impactos ambientais e torna o país menos dependente de insumos importados.

Risco de virar fornecedor de matéria-prima bruta

A ABAL alerta que a tarifa dos EUA não atinge a sucata de alumínio, o que pode indicar uma intenção de importar esse material de países como o Brasil, enfraquecendo as cadeias locais de produção. A entidade teme que isso transforme o país em mero fornecedor de insumos, em vez de consolidar uma indústria forte, sustentável e integrada.

Tarifa dos EUA ameaça setor de alumínio, vital no Vale do Paraíba
Foto: Divulgação / ABAL – Setor de alumínio

Vale do Paraíba é região estratégica

Em Pindamonhangaba, a Novelis opera o maior centro de laminação e reciclagem de alumínio da América Latina. Com uma equipe de aproximadamente 1.600 profissionais, a unidade alcançou uma receita de R$ 9,6 bilhões no ano fiscal de 2021. A planta processa cerca de 60% das latas de alumínio recicladas no país, totalizando mais de 17 bilhões de unidades anualmente.

Em Jacareí, a Ball Corporation mantém uma planta dedicada à produção de embalagens sustentáveis de alumínio. A unidade abriga o Can Experience, considerado o maior centro de design de latas do mundo, consolidando a cidade como um hub de inovação no setor.

Procuradas pela reportagem da CBN Vale, a Novelis informou que está direcionando as pautas sobre as tarifas para a ABAL. Já a Ball, não quis comentar o impacto das tarifas no segmento de alumínio.

ABAL quer diálogo – Setor de alumínio

A associação segue em diálogo com autoridades para garantir a competitividade do setor. Defende ajustes na política tarifária nacional e instrumentos de defesa comercial que protejam os investimentos e o esforço da indústria brasileira para se firmar como referência mundial em sustentabilidade, tecnologia e autossuficiência.