SBMFC repudia censura do termo “violência obstétrica” pelo Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde considera o termo “violência obstétrica” impróprio; no entanto, 25% das mulheres brasileiras dizem já ter sofrido maus-tratos durante o parto.

violência obstétrica
(Foto: Pixabay)

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e a Rede Feminista de Ginecologista e Obstetras fizeram críticas, em nota conjunta, à fala do secretário da atenção primária do governo federal, Rafael Câmara, durante o lançamento da nova caderneta de gestantes, em 4 de maio.

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No evento, o secretário defendeu, entre outras, a prática da episiotomia (corte feito na vagina durante o parto normal), não recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e repudiou a expressão “violência obstétrica”.

Em entrevista ao programa CBN Vale 1ª Edição, a coordenadora da área de mulheres da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rafaela Pacheco, disse que no Brasil, segundo pesquisas, 25% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido maus-tratos durante o parto, e apenas 5% delas tiveram parto sem qualquer intervenção. Além disso, a coordenadora da SBMFC contou que a violência obstétrica incide mais sobre adolescentes, mulheres solteiras, mulheres pobres, imigrantes e mulheres negras.

Violência Obstétrica

Para Rafaela Pacheco, o Ministério da Saúde, por meio da nova caderneta da gestante, formalizou e naturalizou a prática de violência obstétrica, pelo fato de querer censurar o termo que faz parte da realidade de muitas mulheres no Brasil, colocando em perigo à saúde e a integridade física da mulher.

“Parece que o parto foi sequestrado das mulheres e virou um evento cirúrgico”

Desde 1985, a OMS considera que o uso rotineiro ou liberal da episiotomia é considerado má prática na hora do parto. Para a coordenadora da Sociedade de Medicina, não há nenhuma evidência científica que respalde esse tipo de prática. Além disso, para ela o parto normal precisa ser renaturalizado.

Para a Rafaela Pacheco, essa e outra práticas precisam ser transformadas no país. Disse também, que não há justificativa para que o Ministério da Saúde recomende intervenções médicas desnecessárias na hora do parto que podem prejudicar a saúde das mulheres e dos bebês.

Ouça a matéria de Julia Lopes: