Qual o impacto do ‘Tarifaço de Trump’ nas vendas da Embraer?

Qual o impacto do 'Tarifaço de Trump' nas vendas da Embraer?
Foto: Daniel Torok-White House / Sgt Muller Marin – FAB

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros nesta quarta-feira (2) gerou preocupação no mercado, especialmente em relação à Embraer, uma das principais exportadoras para o país. No entanto, analistas avaliam que o impacto sobre a empresa deve ser limitado, já que a concorrência com fabricantes americanos nesse segmento é reduzida.

De acordo com o Citibank, as tarifas podem gerar uma redução de 9% no Ebitda da Embraer em 2025, mas o banco mantém a recomendação de compra para as ações da companhia (EMBR3). O banco de investimentos UBS também pondera que a produção local nos EUA pode mitigar os efeitos da taxação. A Embraer tem uma fábrica na Flórida que produz jatos executivos Phenom, e serviços de manutenção representam 13% da receita da empresa no país, o que reduz a exposição ao tarifaço.

Apesar do cenário desafiador, a Embraer segue demonstrando crescimento. No primeiro trimestre de 2025, a companhia entregou 30 aeronaves, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram entregues 25 jatos.

Já o BTG Pactual destaca que os principais concorrentes da Embraer — como a canadense Bombardier e a francesa Dassault — podem ser ainda mais afetados pelas tarifas, o que pode equilibrar o impacto na aviação comercial.

Presença forte nos EUA – Tarifaço

A Embraer tem um mercado consolidado nos Estados Unidos, onde 59% de sua receita global de US$ 6,4 bilhões em 2024 foi gerada. O modelo E175 domina o segmento de jatos regionais no país, representando 95% das 723 aeronaves comerciais da empresa em operação nos EUA até o final do ano passado.

Grandes companhias aéreas americanas operam aeronaves da Embraer, como a American Airlines, que encomendou 90 jatos E175, e a United Airlines, que já equipa seus modelos com tecnologia Starlink. A SkyWest Airlines, maior operadora mundial da fabricante brasileira, utiliza os E-Jets para voos regionais em parceria com Delta, United, American Airlines e Alaska Airlines. Outras empresas como Republic Airways e Breeze Airways também mantêm frotas expressivas de jatos Embraer.

A CBN Vale entrou em contato com a Embraer para comentar o impacto das tarifas, mas a empresa ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.