Prefeitura de Jacareí investiga morte de cães em mutirão de castração

Prefeitura de Jacareí investiga morte de cães em mutirão de castração
Prefeitura de Jacareí investiga morte de cães em mutirão de castração. Alex Brito/PMJ

Cinco cachorros morreram durante um mutirão de castração promovido na última semana pela Prefeitura de Jacareí. Segundo a administração municipal, os animais pertenciam a quatro tutores diferentes e passaram pelo procedimento cirúrgico que era realizado por uma empresa contratada pela própria Prefeitura. As causas das mortes ainda estão sendo investigadas

Entre os dias 09 e 13 de abril, a Diretoria de Proteção e Bem-estar Animal da prefeitura de Jacareí promovia um mutirão de castração na cidade. Os procedimentos eram realizados em um castramóvel. Veículo adaptado para procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade. A responsável pelas cirurgias era a Clinica Veterinária Pet Mogi que tem sede na cidade de Mogi Mirim. 

A prefeitura confirmou a reportagem da CBN Vale que três cachorros morreram já no primeiro dia do mutirão, na quarta-feira (09). Ainda assim o serviço continuou a ser realizado pela empresa contratada sendo paralisado apenas no sábado (12), após outros dois animais morrerem depois de também terem passado pela cirurgia.

Ainda no sábado a noite a prefeitura, por meio de suas redes sociais, fez um comunicado para informar sobre o cancelamento das castrações que estavam previstas para acontecer no domingo (13), mas não entrou em detalhes sobre o porque do cancelamento, alegando apenas ‘problemas técnicos’.

Em nota oficial, a administração lamentou os óbitos e informou que um Comitê de Acompanhamento foi formado para investigar o caso. O grupo é composto por representantes da Secretaria de Meio Ambiente e da empresa responsável pelas cirurgias, a Pet Mogi. A Prefeitura afirmou ainda que encaminhou o caso ao Conselho Regional de Medicina Veterinária. 

“Neste momento, a investigação está em processo de levantamento das informações para análise e autorização dos tutores dos animais para a realização de necropsia (apenas um ainda não autorizou).

A empresa também foi notificada para que apresente informações sobre medicação e dados completos dos quatro dias de castração”, disse a Prefeitura. 

A Prefeitura destacou que todos os protocolos veterinários foram seguidos rigorosamente, desde a triagem até os cuidados pré e pós-operatórios e apontou a importância da castração alertando para possíveis casos de omissão ou imprecisões nas informações prestadas pelos tutores que podem acabar comprometendo a segurança dos procedimentos.

“A castração possui uma importância significativa para o bem-estar de cães e gatos. As investigações vão apontar as reais causas dessas mortes, mas não podemos descartar a possibilidade de alguma falha no preparo dos animais ou nas informações prestadas por seus tutores, por isso enfatizamos sempre a importância de seguir todas as recomendações como o jejum de alimentos e água, e a não participação de animais com sintomas de doenças ou fora da faixa etária recomendada (de 3 meses a 8 anos)”, acrescentou.  

A Prefeitura disse ainda que a empresa Pet Mogi é especializada em castrações em larga escala e possui um histórico de mais de 50 mil cirurgias, sendo mais de 2 mil delas realizadas em Jacareí. 

O contrato entre a prefeitura de Jacareí e a empresa Pet Mogi foi firmado em 02 de maio de 2024, por um período de 12 meses, pelo valor total de R$ 399.095,00, conforme consta no Diário Oficial do próprio município. 

Especialista chama atenção para alternativas mais seguras de controle da população animal

De acordo com o médico veterinário e especialista em direito animal Dr. Henrique Guérin, a castração convencional, que é comumente realizada em mutirões promovidos em diversas cidades brasileiras, pode trazer riscos adicionais aos animais: “Esse tipo de castração envolve a retirada completa do útero (em fêmeas) e dos testículos (em machos) e pode provocar hemorragias decorrentes da incisão de vasos sanguíneos. Além disso, a extirpação total dos órgãos reprodutivos em animais antes do amadurecimento completo pode comprometer o desenvolvimento psíquico e músculo-esquelético dos pets”, apontou.

Como alternativa, o especialista recomenda a vasectomia em machos jovens, procedimento no qual é realizada apenas a incisão do ducto deferente, e a laqueadura em fêmeas, com o corte e amarração das trompas de falópio.

“Essas técnicas são menos invasivas e oferecem menor risco cirúrgico e pós-operatório, preservando a produção hormonal essencial na fase de crescimento”, disse Dr. Guérin, acrescentando que “em animais adultos maduros e idosos, a castração completa (orquiectomia e ovário-salpingo-histerectomia – OSH) é recomendada devido à maior incidência de doenças hormônio-dependentes, como câncer de mama e de próstata”.

A prefeitura de Jacareí informou ainda que os animais que passaram pelo mutirão de castração e continuam em tratamento, estão sendo monitorados pela equipe veterinária da empresa e da Diretoria de Proteção Animal. Os tutores que tinham castrações agendadas para o domingo (13) foram reagendados com prioridade em uma nova edição do mutirão ainda sem data definida.

Em nota a empresa Pet Mogi informou que lamenta profundamente o ocorrido.

“Diante desse incidente, instauramos imediatamente um procedimento interno para esclarecer todas as circunstâncias envolvidas. Além disso, estamos colaborando intensamente com as autoridades competentes e especialistas da área para apuração dos fatos”, diz.

Ainda de acordo com a Pet Mogi, cerca de 12 médicos veterinários trabalhavam no mutirão realizado na última semana em Jacareí.