O encerramento da produção da Ford no Brasil terá reflexos que vão além da demissão de 5 mil pessoas. Segundo um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), replicado nesta segunda-feira (18) pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, a decisão da montadora pode causar um efeito dominó e impactar até 118,8 mil postos de trabalho no país.
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O número representa trabalhadores diretos, indiretos e os empregos induzidos em setores como comércio e serviços. O estudo aponta ainda que o impacto sobre a renda dos trabalhadores na cadeia expandida da Ford atinge R$ 2,5 bilhões. Considerando os números gerais, cada emprego na Ford tem impacto total em 23,7 outros postos de trabalho.
O levantamento foi realizado com base na matriz de insumo-produto, índice do IBGE que é uma espécie de “fotografia” dos fluxos da economia nacional. A pesquisa do Dieese mostrou também que a arrecadação de tributos sofrerá uma queda estimada em R$ 3 bilhões, considerando a razão de que a cada R$ 1 gasto na indústria automobilística é acrescentado R$ 1,4 no valor adicionado da economia.
Impacto econômico
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região, os impactos na economia da cidade também foram estudados pelo Dieese: em 2020, os trabalhadores da Ford injetaram R$ 93,7 milhões na economia municipal, o equivalente a 11% do montante total injetado pelos trabalhadores representados pela categoria.
Outro dado do estudo mostra que Taubaté passa por um processo de desindustrialização. Em 2009, a participação da indústria foi de 55% e do setor de serviços 37,3% na geração de riquezas no município. O último levantamento, de 2018, indicou que, em menos de dez anos, essa participação passou a ser de 42,3% e 48,6%, respectivamente.