
Ex-funcionários e Sindicato dos Metalúrgicos realizaram na manhã desta quarta-feira (10) uma manifestação contra as 2.500 demissões que ocorreram em setembro de 2020 na Embraer em São José dos Campos (SP). A ação aconteceu por causa do julgamento que acontece hoje, a partir das 13h30, no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª região para tentar reverter os desligamentos.
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O pedido é do Sindicato dos Metalúrgicos para o cancelamento de todas as demissões, inclusive as referentes ao PDV. O presidente do sindicato dos metalúrgicos, Weller Golçalves, informou que a empresa teria feito os cortes sem buscar alternativas para minimizar o impacto social provocado.(Confira a reportagem no final do texto)
Na ação judicial, os autores argumentam que as dificuldades financeiras vividas pela Embraer foram provocadas pela má gestão da empresa pelo Conselho Administrativo, e não pela pandemia. Ainda segundo a entidade, a empresa teria realizado cortes “sem ao menos negociar com os sindicatos”.
Claudia Pereira Cruz era moldadora há mais de 20 anos na empresa. Ela foi afastada em agosto de 2020 e logo em seguida comunicada que não seguiria mais na fábrica e estava demitida. Ela disse que foi pega de surpresa.
Já outro funcionário, que não quis se identificar, esclareceu que se sentiu coagido pela empresa e decidiu aderir ao PDV para depois, segundo ele, não sair totalmente prejudicado.
O presidente do sindicato contou que as histórias não mudam muito e a maioria atuava na fábrica há mais de dez anos. A expectava é que ou as demissões sejam canceladas ou os funcionários possam ter dois anos de salário para conseguirem se manter.
Protesto
Como forma de protesto, ex-funcionários colocaram camisetas penduradas na frente da unidade, como foi o que aconteceu com o caso da Ford, após anunciar fechamento da base em Taubaté.
Negociações
Por outro lado, a Embraer enviou nota alegando que tentou por três vezes negociar PDVs com o sindicato e a proposta não foi levada para assembleia. Além disso, foram adotadas pela empresa diversas medidas durante a pandemia, como férias coletivas, redução de jornada, lay-off e licença remunerada. Outro fator determinante para a realização de cortes no setor, ao lado da Covid-19, foi a falta de êxito da parceria entre Embraer e Boeing. O prejuízo, segundo a montadora, foi de R$ 2,95 bilhões nos primeiros seis meses de 2020.
A Embraer também disse que outros sindicatos, com exceção dos Metalúrgicos de São José dos Campos, celebraram acordos de extensão de benefícios aos trabalhadores desligados até junho de 2021. No fim de setembro, a desembargadora Tereza Asta Gemignani, do TRT-15, havia concedido liminar para concessão de plano de saúde e auxílio-alimentação aos trabalhadores, ambos os valores em R$ 450.
A medida do TRT, segundo a Embraer, coincidiu com aquilo que havia sido apresentado pela empresa em audiências anteriores. A fabricante de aeronaves ainda reforçou o compromisso de preferência na recontratação dos demitidos, conforme retomada do mercado e política de recursos humanos da companhia.
Ouça a íntegra da entrevista clicando no player de áudio abaixo:
(Foto: Rayssa Marine/CBN Vale)