EUA doam 400 câmeras para uniformes policiais ao Brasil

Foto mostra câmera corporal acoplada em uniforme de policial militar.
(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)                          EUA doam

O governo dos Estados Unidos está doando 400 câmeras corporais ao Brasil, por intermédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo a assessoria de imprensa da embaixada norte-americana, o donativo permitirá às forças de segurança pública brasileiras avaliar vantagens e inconvenientes do uso dos aparelhos, enquanto o país desenvolve seu próprio projeto nacional de emprego da tecnologia.

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Também será doado um programa de computador (software) de gerenciamento das imagens e vão treinar servidores públicos para operar o sistema. De acordo com a embaixada, somados, câmeras, software e treinamento equivalem a uma transferência de aproximadamente US$ 1 milhão – pouco mais de R$ 4,86 milhões pelo câmbio desta terça-feira (8).

Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que as câmeras já estão em território brasileiro, na embaixada, que está concluindo os últimos procedimentos burocráticos necessários à entrega dos equipamentos. A expectativa é que os aparelhos sejam liberados até o fim de dezembro.

PRF

Duzentas câmeras serão repassadas à Polícia Rodoviária Federal (PRF), que as empregará no chamado Projeto Estratégico Bodycams (do inglês, câmeras corporais). Desde março deste ano, a corporação vem realizando estudos e testes para acoplar as filmadoras no uniforme de parte de seu efetivo.

Segundo a PRF, o uso das câmeras corporais “visa ampliar e manter a segurança dos agentes rodoviários e das pessoas abordadas nas rodovias federais, aprimorando as práticas da instituição na prestação de serviços à sociedade”.

Em maio deste ano, durante evento para apresentar o projeto estratégico a jornalistas, o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, citou o episódio em que o sergipano Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, foi morto por asfixia, por policiais rodoviários federais, em Umbaúba (SE), um ano antes.

“Os fatos ocorridos foram traumáticos para nós [PRF] e isso desencadeou algumas recomendações, sobre orientação do próprio ministro da Justiça Flávio Dino”, disse Antônio Fernando sobre a importância das bodycams.

Ainda segundo a PRF, a gestão e o armazenamento das imagens registradas pelas 200 câmeras doadas por intermédio do Escritório de Assuntos de Aplicação da Lei Internacional de Narcóticos, do Departamento de Estado norte-americano, ficarão sob responsabilidade da empresa fornecedora dos equipamentos – cujo nome não foi confirmado. Já a instalação das câmeras nos uniformes, a coleta e o recebimento das imagens serão de responsabilidade da própria PRF.

Bahia

O Ministério da Justiça e Segurança Pública repassará as 200 câmeras ao governo da Bahia, que também já vinha tocando seu próprio projeto de compra e instalação de câmaras corporais nos uniformes de parte dos policiais estaduais.

Segundo a pasta, a entrega de parte da doação norte-americana à Secretaria da Segurança Pública da Bahia se dará por meio de um acordo de cooperação técnica, no âmbito do Projeto Nacional de Câmeras Corporais.

A elaboração do projeto nacional está a cargo das secretarias de Segurança Pública (Senasp) e de Acesso à Justiça (Saju), do ministério, com a participação de representantes da PRF. A proposta do ministério é estabelecer diretrizes a serem observadas pelas forças policiais e unidades federativas que adotarem a tecnologia.

Em junho de 2020, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu limites à realização de operações policiais em favelas da cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19. Um ano e meio depois, o plenário da Corte definiu o alcance da decisão liminar de Fachin, determinando, entre outros pontos, que o governo fluminense deveria apresentar, em até 90 dias, um plano visando à redução da letalidade policial e o controle de violações de direitos humanos.

Entre as medidas a serem adotadas estava a instalação, em até 180 dias, de equipamentos de GPS e de sistemas de gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança – iniciativa que, já na época, estava prevista em lei estadual.

No mês passado, quando a morte de um miliciano desencadeou uma série de ataques a veículos, durante os quais criminosos incendiaram ao menos 35 ônibus na zona oeste do Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou que estender a decisão do STF para as forças de segurança federais era um “obstáculo momentaneamente intransponível” à atuação da Polícia Federal, da Força Nacional e da Força Nacional nas comunidades cariocas.

*Informações Agência Brasil