CBN Política Regional: Pra tudo se acabar na quarta-feira …

CBN Política Regional: Pra tudo se acabar na quarta-feira.
(Adenir Brito/PMSJC) CBN Política Regional: Pra tudo se acabar na quarta-feira.

Pois é, a felicidade do pobre parece a grande ilusão do Carnaval. A gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho, pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira

Tem coisas, Fernando, que soam eternas, como esses versos de “Tristeza”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, escritos há mais de 60 anos, que escolhi para abrir o comentário de hoje. Dizem que, no Brasil, tudo começa depois do Carnaval. Será?

Eu penso diferente: para nós, brasileiros comuns, o Carnaval é esse momento de sonho, que terminou ontem (14), Quarta-feira de Cinzas. É um intervalo alegre, um rasgo de alegria nos 365 dias do ano. Folia, Folia mesmo, essa continua o ano todo só para os políticos, que, em boa parte, teimam em atravessar o samba.

Este ano, o enredo deles é eleição. Agora, passado o Carnaval, começa a correr de forma acelerada o calendário eleitoral. Tome nota: entre 7 de março e 5 de abril, por exemplo, acontece a janela partidária, período em que vereadoras e vereadores poderão trocar de partido para concorrer às eleições sem perder o mandato.

Aí vem o prazo de desincompatibilização e, logo depois, o prazo de convenções partidárias, de 20 de julho a 5 de agosto. Depois é ladeira a baixo: propaganda eleitoral, debates, até o Dia D, 6 de outubro, data do primeiro turno. Decidiu? Se decidiu, acabou. Se não decidiu, vem o segundo turno.

Volta o corre-corre até o dia 27, o segundo e definitivo ‘Dia D’. Pois é. É esse corre-corre que move a política, com seus reis e rainhas, sua comissão de frente, suas fantasias, alegorias, ala das baianas, bateria, mestre-sala e porta-bandeiras. Faça chuva ou faça sol, eles só pensam naquilo, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano.

Este ano, por exemplo, em pleno Carnaval, o prefeito Anderson Farias (PSD) trocou sua fantasia de “xerife” e vestiu a de “general da banda”, fiscalizando que bloco ia desfilar ou não pelas ruas da cidade. Dias atrás, Anderson me disse que político moderno precisa mostrar a cara, dizer ao que veio, dar exemplo. Eu, humildamente, discordo.

Para mim, prefeito tem coisa mais importante a fazer. Mas, admito, quem sou eu para cuidar da agenda dele?

Por isso, neste adeus Carnaval, prefiro lembrar dos versos de Tom e Vínícius, que, para mim, entra ano e sai ano, parecem eternos: a felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor; brilha tranquila, depois, de leve oscila, e cai como uma lágrima de amor. E aí, tristeza tem ou não tem fim?

CBN Política Regional de 15 de Fevereiro de 2024

Ouça o podcast completo com Hélcio Costa:

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