CBN Política Regional: De pires na mão

homem maduro, vestido com terno e segurando um pires na mão.
(Foto: Criada por IA)    De pires na mão

De pires na mão

Como diz o dito popular, o buraco é mais em baixo …
Prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais e vereadores de todo o país foram a Brasília esta semana na chamada “Marcha dos Prefeitos“, com a meta de pressionar o governo a rever as regras de redistribuição de recursos federais, e defender a desoneração da folha salarial de prefeituras de cidades com até 156 mil habitantes

Muita gente foi lá, mais ou menos 8 mil pessoas, entre elas prefeitos das maiores cidades da região: Anderson Farias, de São José dos Campos; José Saud, de Taubaté; Izaías Santana, de Jacareí. Sejamos realistas: a revisão da distribuição de recursos, apesar de justa, é difícil de ser alcançada.

O que vigora hoje? Ué, a regra política. Rios de dinheiro público desaguam por aí não por critérios técnicos (número de pacientes na rede Saúde ou estudantes no Ensino Médio), mas, por compadrio. Interessa a Lula ou aos “cardeais” do Congresso perderem o controle desse “toma cá, dá lá”? A resposta é não.

Prefeitos da região vão entregar nesta quinta-feira (24) à ministra da Saúde, Nísia Trindade, um documento de 96 páginas que aponta redução drástica dos repasses federais na área da Saúde aos 39 municípios da RMVale. Está tudo lá, cifra por cifra, cidade por cidade. O que dirá Nísia? Não sei. Mas, será difícil romper o círculo vicioso da política.

O prefeito Izaías Santana lembrou outro dia, num papo rápido, da fatia do Orçamento que está na mão dos parlamentares: na gestão Dilma era 4%, foi a 12% com Temer, bateu 38% com Bolsonaro e está em 22% com Lula. Vai cair? Duvido. A Marcha a Brasília é importante, mas, tem prefeito que já cansou. Marcus Soliva, por exemplo, nem foi. Segundo ele, Guará mandou R$ 30 milhões para a União e recebeu, de volta, R$ 1,5 milhão. Uma “gorjeta”, disse.

Na abertura da Marcha, Lula foi recebido com vaias e aplausos. Deu “sinal verde” à desoneração, liberou o “Minha Casa, Minha Vida” a cidades com menos de 50 mil habitantes, prometeu renegociar dívidas previdenciárias das prefeituras e, de quebra, defendeu as “emendas de bancada”. Isto é, a política como regra na liberação de verba. É, leitor, o buraco é mais em baixo. Os municípios vão continuar com o pires na mão.
Segue o baile …

CBN Política Regional de 23 de Maio de 2024

Ouça o podcast completo com Hélcio Costa:

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