Casos de feminicídio aumentam 46% no Vale do Paraíba

Gabriela Manssur promotra de justiça diz que casos de feminicídio aumentaram 46% no Vale do Paraíba
(Foto: Divulgação)

A cada sete horas uma mulher é morta no Brasil. Nos últimos três anos, casos de feminicídio cresceram 46% no Vale do Paraíba. Casos como da jovem Juliana Fernandes Cândido, de 19 anos, morta pelo ex-namorado a tiros em Pindamonhangaba e de Tayane Caldas, de 18 anos, que teve o rosto tatuado a força pelo ex, marcaram os episódios de violência contra mulher e feminicídio na região nos últimos meses.

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Para a promotora de justiça e presidente do Instituto Justiça de Saia Gabriela Manssur, o aumento de casos de feminicídio e violência contra mulher no Vale do Paraíba acontece devido a cultura de machismo estrutural e por conta do desrespeito aos direitos das mulheres.

Além das mulheres sentirem vergonha e medo de pedir ajuda, a promotora disse ainda que a falta de informação contribui para o crescimento dos casos. Cerca de 50% dos atos de violência contra a mulher não chegam ao conhecimento da justiça por falta de denúncias.

Feminicídio e violência

Para Gabriela Manssur, a maneira de diminuir a violência e o feminicídio e consequentemente fortalecer a rede de proteção da mulher é mostrar para as vítimas que as leis são efetivas e que protegem de fato as mulheres.

Por isso, é preciso criar leis mais rígidas e penas mais altas para gerar intimidação nos agressores.

Leis mais rígidas e escuta única

A promotora de justiça falou ainda que os crimes de lesão corporal contra a mulher têm pena menor do que os crimes de furto. “Como se a nossa integridade física valesse menos que um aparelho celular, do que um automóvel, isso é um crime contra a dignidade da pessoa humana e deve ser punido de acordo com a gravidade dos fatos”, disse Gabriela.

Além disso, a ativista da defesa dos direitos das mulheres, falou que o tratamento do atendimento a vítima deve ser mais rápido e mais prático, com uma escuta única. E também deve haver um tratamento processual mais rigoroso, para evitar que o agressor responda ao crime solto e ele seja preso em caso de violência contra a mulher.

Gabriela finalizou dizendo que não podemos mais conviver com essa sensação de impunidade e que ela funciona como um incentivo aos crimes de feminicídio e violência contra as mulheres.

A equipe da promotora fez um mapeamento dos dados de feminicídio no Vale nos últimos anos e mapeamento por regiões. São José dos Campos lidera o ranking da cidade que mais mata mulheres, seguido por Jacareí e Taubaté. http://www.votomaps.com/projetogm/relatorios/r03.html

Ouça a matéria de Julia Lopes: