Câmara de SJC recebe pedido formal de cassação de vereador acusado de homotransfobia

Câmara de SJC recebe pedido formal de cassação de vereador acusado de homotransfobia
Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de São José dos Campos recebeu um pedido formal para cassar o mandato do vereador Thomaz Henrique (PL) por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de usar seu cargo para propagar mensagens preconceituosas, principalmente contra a comunidade LGBTQIAP+.

De acordo com o pedido de cassação, protocolado por um munícipe, o parlamentar usou suas redes sociais, a tribuna da Câmara e vídeos na internet para expor uma mulher trans, resgatando seu passado na justiça, aumentando assim o preconceito que ela já enfrenta na sociedade.

Ele também é acusado de propagar desinformação a respeito do atendimento médico destinado às pessoas trans, aumentando o pânico moral junto às comunidades conservadoras. Entre as mensagens, estão conteúdos que teriam desrespeitado grupos LGBTQIAP+ e que relacionariam a presença de travestis nas escolas a um problema para a educação — um posicionamento considerado pelo autor como um abuso das prerrogativas públicas, que deveriam atender às demandas da sociedade, e não perpetuar preconceitos e violência simbólica.

Como o pedido de cassação será analisado

De acordo com o parecer jurídico da Casa, o presidente da Câmara deve, até o fim de junho, avaliar se as acusações serão encaradas como leves ou graves. Se forem consideradas graves, serão encaminhadas para a Comissão de Ética, que, em um prazo de 15 dias, se manifestará pelo arquivamento, censura ou pelo prosseguimento do pedido de cassação.

Caso o pedido vá adiante, o vereador Thomaz Henrique será notificado para apresentar a sua defesa, junto às testemunhas que ele quer arrolar. Uma comissão de três vereadores, escolhidos por sorteio, conduzirá a investigação. Se essa comissão considerar que houve quebra de decoro, o plenário da Câmara será chamado a votar. A cassação precisa ser aprovada por dois terços dos 21 vereadores. Se for cassado, ele perderá o cargo automaticamente.

O autor da representação chegou a apresentar junto às 40 páginas do pedido prints das redes sociais, vídeos e até ações na justiça movidas pelo Ministério Público de São Paulo. Todo o material permanecerá à disposição para consulta pública no site da Câmara.

PRAZOS E ETAPAS:

Etapa Responsável Prazo Máximo
Avaliação inicial Presidente da Câmara Imediato
Análise da Comissão Comissão de Ética 15 dias
Defesa do vereador Thomaz Henrique 10 dias
Votação final Todos os vereadores Sem limite fixo

O outro lado

A reportagem da CBN Vale entrou em contato com a assessoria do vereador Thomaz Henrique. Segundo o parlamentar, a o pedido de cassação é contraditório e que estaria sendo vítima de perseguição.

Nota

Bastante contraditória essa turma, que diz defender a democracia, querer cassar o mandato de um vereador recém-eleito, um dos mais votados da cidade com mais de 8 mil votos, por “crime de opinião”. Contraditório, mas mostra bem o espírito do tempo: de perseguição e tentativa de criminalização do discurso de direita no Brasil.

Fui eleito por 8.221 pessoas exatamente para combater a agenda woke no município, lutar pelo que tenho lutado e denunciar o que tenho denunciado. E é o continuarei fazendo! Eles que aprendam a lidar com opiniões contrárias, democracia é isto.”