Entregadores por aplicativos de todo o Brasil paralisaram as atividades nos dias 31 de março e 1º de abril para reivindicar melhores condições de trabalho e aumento na remuneração mínima por entrega. A mobilização, conhecida como “Breque dos Apps”, teve forte adesão em cidades como São José dos Campos, Taubaté, Jacareí, Pindamonhangaba, Ubatuba, Campos do Jordão, Cruzeiro e Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, e também em capitais como São Paulo e Belo Horizonte.
Segundo Horácio Ribeiro, presidente da Associação dos Motoboys do Vale do Paraíba e Litoral Norte (AMVAPLN), a paralisação foi motivada pela estagnação nos valores pagos pelas plataformas e pelo alto custo de vida enfrentado pela categoria. “A última mudança foi feita em 2022, e desde então o valor está congelado. Hoje a maioria dos entregadores trabalha no prejuízo”, afirmou em entrevista ao programa CBN Na Rede, desta quarta-feira (09).
Categoria pede R$ 10 por entrega
Os trabalhadores exigem um valor mínimo de R$ 10 por entrega e R$ 2 por quilômetro percorrido, além de melhores condições de segurança e suporte das plataformas. A AMVAPLN também cobra um limite de 3 km por entrega para quem trabalha com bicicleta, já que haveria registros de entregadores realizarem percursos de cerca de 4 km ou mais.
Elisson Roseno de Lima, diretor da associação, explica que, além do congelamento da taxa mínima, os entregadores enfrentam custos crescentes com combustível, alimentação, manutenção dos veículos e equipamentos de proteção. “Se acontecer algum acidente, a empresa simplesmente bloqueia e acabou. A responsabilidade é toda nossa”, criticou.
A categoria também denuncia a falta de diálogo das empresas e da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa grandes empresas do setor, como iFood, Lalamove, Zé Delivery e Uber. “Mandamos e-mail com todas as reivindicações no dia 24 de março e até agora nada. Como dizem que têm canal aberto se nem respondem?”, questionou Horácio.
Empresas se manifestam
Procurada pela reportagem da CBN Vale, a Amobitec divulgou nota em que afirma respeitar manifestações pacíficas e diz manter “canais de diálogo contínuo com os prestadores de serviço”. Segundo a entidade, 455 mil entregadores atuam por meio de aplicativos no Brasil, sendo que 75% afirmam querer continuar nesse modelo. A Amobitec destacou ainda que a renda média por hora trabalhada é de R$ 31,33 e que houve um crescimento de 5% acima da inflação entre 2023 e 2024.
Já o iFood informou que “as atividades voltaram à normalidade” após a paralisação e que “as demandas apresentadas estão sendo revisadas com atenção”. A empresa não se comprometeu com o reajuste solicitado, mas declarou que segue “estudando a viabilidade econômica” de mudanças.
Enquanto isso, os entregadores avaliam os próximos passos. Caso não haja avanços concretos, novas paralisações não estão descartadas. A AMVAPLN afirma que continuará pressionando as plataformas por mais respeito, melhores condições de trabalho e uma remuneração justa para quem arrisca a vida todos os dias nas ruas.